Mantendo as escolas limpas na volta às aulas

Mantendo as escolas limpas na volta às aulas

Protocolo disponibilizado pelo MEC possibilita que as escolas retomem suas atividades com mais segurança na saúde para alunos e colaboradores

Em julho de 2020, o MEC (Ministério da Educação) disponibilizou o Protocolo de Biossegurança para o retorno das atividades nas escolas, com base nas recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) e da OPAS (Organização Pan-americana de Saúde), que tem como premissa nortear e possibilitar às instituições educacionais brasileiras melhores condições para enfrentamento da Covid-19.

As orientações, coletivas e individuais, para que alunos e colaboradores das escolas possam retomar suas atividades com segurança e respeito à vida, auxiliam no afrouxamento das medidas de distanciamento social que deverão ocorrer de modo controlado, com monitoramento dos impactos e efeitos na sociedade e na comunidade acadêmica.

Além das diretrizes já apontadas com o uso de máscara, a lavagem das mãos com água e sabão e o uso de álcool em gel 70%, outros focos para a volta às aulas têm sido a limpeza, desinfecção e os cuidados para que seja evitada a disseminação do vírus.

Cuidados no ambiente escolar

O biomédico, especialista em Virologia e Epidemiologia pelo HSL (Hospital Sírio Libanes) e USP (Universidade de São Paulo), Matheus Natal, comentou sobre os principais cuidados que as escolas devem ter na volta às aulas.

“Antes é extremamente importante entendermos a situação que nos encontramos. Estarmos em condições de reabrir as escolas é uma questão que precisa ser muito bem avaliada. E é primordial que seja feito de uma forma segura para as crianças, para suas famílias e também para os profissionais. Portanto, alguns protocolos sanitários têm que ser extremamente rigorosos e novos padrões necessitam ser seguidos nas escolas, como o distanciamento social, o uso de máscaras, o não compartilhamento de objetos, ações e manutenções de limpeza, tanto no ambiente interno quanto no externo, ambientes extremamente ventilados, verificação de sintomas pré e pós-aulas para mapeamento das turmas possivelmente infectadas, entre outras medidas imperativas”, alerta Matheus.

E neste ponto, o especialista em limpeza profissional e responsável pela empresa Quiminac, Miguel Sinkunas, mostra o caminho a ser trilhado, também, pelas escolas.

“No início da pandemia estavam dando pouca importância para a limpeza de superfícies que, provavelmente, é um dos fatores para que a Covid-19 seja muito propagada. Haviam muitos estudiosos falando que o vírus poderia resistir até nove dias em uma superfície, atualmente se fala em 72 horas, porém mesmo que seja um dia já é preocupante, porque uma superfície contaminada pode infectar muitas pessoas e, talvez, este seja um grande fator na disseminação da doença. Estávamos procurando chamar a atenção para um processo de higienização completo, que não corresponde somente à limpeza, mas para uma complementa com a desinfecção”, diz.

Miguel ainda orienta para as medidas necessárias para um ambiente mais limpo e seguro.

“Percebemos que existia uma certa displicência na limpeza profissional em relação a desinfecção. Estavam concentrando a higienização somente em ambientes como banheiros, mas é importante que a desinfecção seja feita em todos os locais, como os administrativos, oficinas, etc. Em um momento como este precisamos nos basear na ciência e naquilo que realmente já é conhecido e que está sedimentado no mercado. Devemos trabalhar com produtos de eficiência comprovada”.

O correto uso do álcool em gel

Outra questão levantada por Sinkunas sobre a assepsia é o uso do álcool em gel, que ainda gera muitas dúvidas e erros por parte da sociedade como um todo. 

“O álcool em gel, do ponto de vista da ação bioquímica, tem um poder de desinfecção muito bom, mas deve estar na concentração de 70% em peso (ou 70 INPM). E por que a concentração maior, não é melhor? Porque a água tem um efeito importante nesse processo de desinfecção e acredita-se que favorece a penetração na célula da microbiologia, além de reduzir a volatilidade. É importante observar que o álcool em gel é um antisséptico, destinado para situações que não é possível usar água e sabão. Algumas pessoas estão achando, erroneamente, que somente o álcool em gel combate o vírus, descartando o uso da água e do sabão”, ensina.

Álcool na limpeza e a correta desinfecção

Experiente no ramo químico e com vasto conhecimento em higienização profissional, Miguel faz um alerta importante sobre os produtos utilizados para limpeza de ambientes e superfícies.

“Há pessoas usando o álcool para a limpeza, mas ele não é o ideal para isso. O ideal é utilizar um multiuso de boa qualidade, diluído em água, que terá uma ação de limpeza muito maior e melhor do que o álcool, que espalha a sujeira, sem remove-la”.

Quais produtos são indicados para eliminar vírus e bactérias?

Miguel é categórico ao indicar o uso de produtos certificados para a correta higiene. “Na limpeza de ambientes e de superfícies deve-se usar um desinfetante convencional. Mas é preciso observar que o processo de higienização é composto por duas etapas, primeiro a limpeza e depois a desinfecção. A limpeza reduz bastante a quantidade de bactérias e vírus, mas não há garantia absoluta, sendo na ordem de 60%. A desinfecção complementa este processo que pode chegar a 99,99% na redução de microbiologia”, complementa.

E nesta hora, o grande diferencial é o uso de desinfetantes que permaneçam por mais tempo nos ambientes.

“Utilize no dia a dia produtos com efeito bacteriostático, com efeito residual prolongado, que acontece quando o agente ativo não sofre nenhuma alteração química depois de aplicado. No álcool, por exemplo não se modifica, entretanto ele evapora, reduzindo sua ação prolongada. Oxidantes, como hipoclorito de sódio, ao serem aplicados se decompõe, perdendo o agente ativo de desinfecção. Um produto a base de peróxido (água oxigenada), também se decompõe, após a aplicação libera o oxigênio ativo, que é um excelente oxidante, elimina as bactérias com bastante efetividade, mas não tem efeito prolongado, se transforma em água”, alerta o especialista em desinfecção, Miguel.

Mas vale ressaltar que este é um processo que cabe a toda comunidade escolar. “O papel de todos que convivem em sociedade é extremamente importante. Todos têm que cooperar com as medidas estudadas e comprovadas para evitar essa doença, pois apenas as medidas de saúde pública podem não ser o suficiente. Cabe, também, aos pais orientarem seus filhos sobre a situação em que vivemos e, com isso, explicar a importância de reportar sobre algum sintoma, lavar bem as mãos, usar máscaras e praticar o distanciamento social. Eles também devem colaborar para as escolas com informações, que podem ser usadas para mapeamento da doença”, aconselha o Virologista, Matheus Natal.

Por fim, Matheus ressalta sobre algumas ações fundamentais para que as pessoas sigam.

“É preciso confiar nas pesquisas, valorizar os cientistas e a ciência nacional. Estamos com falta de profissionais com mestrado e doutorado, que são justamente os que mais têm mais condição de criar uma vacina, de desenvolver métodos profiláticos e descobrir formas de ajudar e evitar pelo que estamos passando. Uma coisa que sempre deve ser incentivado é o pensamento crítico e a checagem de fontes para que fakenews não ganhem relevância”, finaliza o Biomédico.

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