O bullying existe e deve ser combatido
Especialista explica o que significa o termo na prática, mostra como pais e escola podem evitar este crime e fala sobre a importância da campanha Setembro Amarelo para a conscientização de que o bullying pode causar danos irremediáveis.
Bullying vem do inglês bully, que significa valentão ou brigão, e segundo a psicóloga Danielle Bassi, a prática consiste em “comportamentos com diversos níveis de violência, que vão desde chateações inoportunas ou hostis até fatos francamente agressivos, em forma verbal ou não, intencionais e repetidos, sem motivação aparente, provocados por um ou mais estudantes em relação a outros, causando dor, angústia, exclusão, humilhação e discriminação, por exemplo, na qual os agentes causadores se colocam em uma posição hierárquica superior”, diz.
Incluído em 2013 pela Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, o bullying entrou no Código Penal (Decreto-lei 2.848/40) como crime de intimidação vexatória.
“No Brasil, diversas palavras e expressões têm sentido equivalentes ao bullying, como zoar, intimidar, humilhar, ameaçar, excluir, difamar e tantas outras. Tal comportamento se manifesta também por atos repetidos de opressão, discriminação, intimidação, xingamentos, chacotas, tirania, agressão a pessoas ou grupos”, explica a psicóloga.
Danielle falou ainda sobre a importância da campanha Setembro Amarelo para a conscientização de uma prática que pode levar à morte.
“É um período para trazer à tona uma das piores consequências das ações de bullying, o suicídio. Engana-se aquele que diz que é apenas uma brincadeira, mas afirmo que não é. A brincadeira é pontual, pode ofender e trazer consequências emocionais também, mas o bullying, como mostrado anteriormente, é uma ação repetida várias vezes por um ou mais agressores e pode levar uma criança ou adolescente a dar fim em sua vida por não aguentar mais aquela situação”, afirma.
Os pais precisam acompanhar com muita atenção seus filhos para notarem se eles estão sofrendo bullying.
“Cabe aos pais sempre observarem o comportamento das crianças e indagarem não apenas sobre o conteúdo escolar, mas também sobre as relações com os colegas de escola. Esses bate-papos com eles, além de serem investigativos, devem funcionar, antes de mais nada, de forma preventiva, orientando os filhos a se defenderem ou ajudarem um colega, como também a não ser um agente causador dessa violência. Esses momentos dos pais com os filhos são importantes, também, para o fortalecimento emocional da criança ou do adolescente”, orienta Danielle.
“A escola pertence à sociedade como um todo, sendo assim, é responsabilidade dos pais agirem em todos os programas contidos nela, não apenas fiscalizando e/ou delatando os fatos, mas também sendo um agente realizador, participando efetivamente com ideias e ações. Por exemplo: os pais podem criar um grupo de acolhimento às vítimas de bullying, enquanto outros promovem bate-papos orientativos e preventivos”, complementa.
O envolvimento de professores, funcionários, pais e alunos é fundamental para a implementação de projetos de redução do bullying dentro das escolas.
“A participação de todos visa estabelecer normas, diretrizes e ações coerentes. As ações devem priorizar a conscientização geral, o apoio às vítimas, fazendo com que se sintam protegidas, a conscientização dos agressores sobre a incorreção de seus atos e a garantia de um ambiente escolar sadio e seguro. O bullying é complexo e de difícil solução, portanto é preciso que o trabalho seja continuado. As ações são relativamente simples e de baixo custo, podendo ser incluídas no cotidiano das escolas, inserindo como temas transversais em todos os momentos da vida escolar. Deve-se encorajar os alunos a participarem ativamente da supervisão e intervenção dos atos de bullying, pois o enfrentamento da situação pelas testemunhas demonstra aos autores que eles não terão o apoio do grupo. Treinamentos por meio de técnicas de dramatização podem ser úteis para que adquiram habilidade para lidar de diferentes formas. Uma outra estratégia é a formação de grupos de apoio, que protegem os alvos e auxiliam na solução das situações de bullying”, indica a psicóloga.
Ela ainda ressalta que a contínua exposição ao bullying, nos seus mais variados tipos, pode acarretar para as vítimas problemas comportamentais e emocionais, com destaque para o estresse, a diminuição ou perda da autoestima, a ansiedade, depressão, o baixo rendimento escolar e, até mesmo, em casos mais severos, o suicídio.
E você, já passou por alguma situação deste tipo? Já teve que intervir em uma prática de bullying? Conte aqui para nós! Ah, e não esqueça de compartilhar este tema, pois, além de estarmos em meia à campanha Setembro Amarelo, muitas pessoas que você conhece podem estar passando por isso e não sabem como lidar.