Importância do desenvolvimento socioemocional dos alunos
As competências socioemocionais são, inclusive, utilizadas no combate ao bullying, por estimular a compreensão e o respeito entre os alunos
Um dos pontos mais importantes que têm crescido na Educação é o desenvolvimento das competências socioemocionais, aquelas que são indispensáveis para mais compreensão, respeito entre os alunos e que são comumente utilizadas no combate ao bullying, por exemplo.
O desenvolvimento socioemocional é o processo de aprendizagem, em que os alunos conquistam conhecimento, atitudes e habilidades, aplicando no dia a dia para ampliar o autoconhecimento, a empatia e as boas relações interpessoais.
Alysson Sanches, diretor criativo, Game Designer, Roteirista, Sound Designer de jogos digitais educacionais e CEO da U4Hero, primeira plataforma de jogos socioemocionais para escolas do Brasil, explicou um pouco mais sobre a importância do aprendizado socioemocional no ambiente escolar.
“A sala de aula é o local onde alunos e professores passam mais tempo juntos. Por isso, estimular de forma contínua o desenvolvimento das habilidades socioemocionais promove diversos benefícios, como ampliar a conexão educador-educando e contribuir para o aumento da percepção do aluno sobre como se relacionar com professores e colegas”, orienta o especialista.
Habilidades socioemocionais
Segundo a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) as habilidade socioemocionais possuem cinco pilares, que são:
Autoconsciência: que envolve o conhecimento de cada pessoa, suas forças e limitações, com atitude otimista voltada para o crescimento;
Autogestão: é o gerenciamento eficiente do estresse, ao controle de impulsos e à definição de metas;
Consciência social: exercício da empatia e de colocar-se no lugar dos outros, respeitando a diversidade;
Habilidades de relacionamento: ouvir com empatia, falar clara e objetivamente, cooperar com os demais, resistir à pressão social inadequada, solucionar conflitos de modo construtivo, respeitoso e auxiliar o outro;
Tomada de decisão responsável: trata-se sobre as escolhas pessoais e as interações sociais de acordo com as normas, os cuidados com a segurança e os padrões éticos de uma sociedade.
E como as escolas podem trabalhar estas habilidades?
Segundo Alysson, é essencial que estas aptidões sejam trabalhadas de forma deliberada e unindo outras matérias. “A educação socioemocional precisa ser trabalhada com intencionalidade e é recomendado que se relacione com as demais disciplinas”, orienta.
Em outro aspecto, o especialista menciona que é possível criar atividades nas quais os alunos possam falar sobre o tema, seja em um círculo de conversa ou representações de personagens que possam simular situações da vida real.
“Nesse caso, o objetivo desta atividade não é julgar as ações e falas do indivíduo durante a situação-problema, mas observar e avaliar o nível de compreensão dos alunos sobre o tema abordado”, recomenda Alysson.
E, assim, como declarou Sanches, o corpo docente poderá obter, gradativamente, informações sobre quais habilidades socioemocionais estão mais desenvolvidas e quais necessitam ser fortalecidas.
Mais empatia e respeito entre alunos e educadores
Dados da Secretaria da Educação de São Paulo, apontam crescimento de 48% de casos de violência e ameaças, apenas nas escolas do Estado de São Paulo.
O executivo da U4Hero afirma que o desenvolvimento socioemocional nas escolas pode ajudar na empatia e respeito entre alunos e educadores.
Ele ressalta que as iniciativas voltadas para o acolhimento e à sensação de pertencimento no ambiente escolar, por exemplo, precisam e devem ser aplicadas tanto para alunos quanto para educadores.
“Desde cedo, ao ingressar na escola, o aluno começa, aos poucos, a desfazer uma visão de mundo puramente individualista e, com ajuda dos educadores, compreender que ele faz parte de uma coletividade com direitos e deveres. Felizmente, as habilidades socioemocionais podem ser aprendidas e nunca é tarde para isso. Quanto mais houver práticas que promovam a compreensão de educadores e educandos sobre si mesmos e sobre o outro, melhor será o ambiente escolar”, declara Alysson.
Os pais devem participar deste processo?
Alysson reforça que os pais são parte deste processo e, assim como há preocupação com o desempenho acadêmico de seus filhos, é necessário que eles aprendam e compreendam que o mercado de trabalho do século XXI demanda por habilidades não somente cognitivas, mas também sociais e emocionais.
“Um exemplo de como mostrar aos pais a importância de se desenvolver habilidades socioemocionais desde a infância, é apresentar materiais informativos como a pesquisa da Page Personnel realizada em 2018 com 1.400 executivos de RH, que apontou que 90% dos profissionais são demitidos por razões comportamentais. Trazer dados sobre o mercado de trabalho, por exemplo, torna a compreensão das habilidades socioemocionais algo mais concreto e menos subjetivo para os pais”, recomenda
Comunidade escolar em conjunto
O especialista finaliza fortalecendo a importância da inserção das habilidades socioemocionais em conjunto com toda a comunidade escolar.
“Quando educadores, alunos e famílias mantém uma conexão mais próxima, os benefícios são muito maiores. Isso já ocorre em relação à vida acadêmica do aluno. Porém, quando se trata de aspectos socioemocionais, algo ainda abstrato ou imaterial de ser mensurado por muitas pessoas, é imprescindível uma troca contínua entre todos os envolvidos, afinal, todos têm o desejo de contribuir para a formação de cidadãos líderes e conscientes, completa Alysson Sanches.